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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sonetos de Moraes

Que delícia pegar a estrada, sentada confortavelmente no meu assento, começando a ler um livro que logo na segunda página sei que vai mexer muito comigo.
Que delícia ele ter chegado a mim por acaso, e eu o reconheci, eu o quis pra mim.
Que delícia escolher algumas linhas, também ao acaso, e escreve-las aqui... pra quem quiser lê-las.
Que delícia ler sonetos de Vinicius de Moraes.

Soneto à Lua

Por que tens, por que tens olhos escuros
E mãos lânguidas, loucas e sem fim
Quem és, que és tu, não eu, e estás em mim
Impuro, como o bem que está nos puros?

Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tão boa para o ruim
E tão fatal para os meus versos duros?

Fugaz, com que direito tens-me presa
A alma que por ti soluça nua
E não és Tatiana e nem Teresa:

E és tão pouco a mulher que anda na rua
Vagabunda, patética, indefesa
Ó minha branca e pequenina lua!


Vinicius de Moraes.
                                                                                                                                                  Rio, 1938.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

2011 em 365 Fotos



Como é bom encontrarmos pessoas criativas, e que além disso, façam algo de interessante com toda essa criatividade... 
O fotografo Daniel Chiaclos, o "Californi-carioca"  mais descolado do Rio de Janeiro, nascido em Los Angeles e residente no Rio há 6 anos, inaugura amanhã a sua mais nova exposição - "The 365 Day Photo Project".
Como o próprio nome já diz, essa exposição é a reunião de 365 fotos tiradas por Daniel durante o ano de 2011.
O ponto de vista do artista sobre o Rio de Janeiro, sua cultura, lugares e pessoas dos mais variados tipos retratado nessas centenas de fotos, as quais eu tive a honra de já conferir algumas, resultou em um trabalho muito interessante, múltiplo e espirituoso.

Vale muitíssimo a pena conferir.

A exposição tem a sua inauguração no próximo sábado das 18:00hs às 23:30hs.

Local: Espaço Kreatori, Rua Alice, 209 - Laranjeiras.
Telefone: 3734-4326

domingo, 11 de dezembro de 2011

TudO e NadA

E você me vê
e me julga
vê a minha aparência e
pensa
determina
delimita
castra
abandona outras mil possibilidades
empobrece

Eu sou mil
eu sou nenhuma
eu não caibo em mim

As vezes me esqueço disso tudo
e viro o que vocês dizem que eu sou
aceito o papel
visto a carapuça
é mais facil
mas cômodo.

Mas como hoje me sinto incomodada
já antes de tudo, com a minha própria presença,
posso ser quem eu quiser.

Hoje não visto porra nenhuma.
Hoje faço o que eu quero.
Hoje posso ser feia, gorda, má, errada, estranha.

TODA NUA.

Agradeço a vida pela consciência do DEVIR.



BARBA AZUL- A Esperança Das Mulheres

sábado, 3 de dezembro de 2011

Com Esmero - pequeno conto.

Seus olhos eram grandes
Grandes até demais
 Tão grandes que me permitiam me ver neles
Tão grandes que me puxavam para dentro deles
Um dia caí lá dentro e me perdi
Havia uma névoa esverdeada
Cheia de brilho, qual esmeralda
Encontrei a sua menina
Que até de olhos fechados, dançava
Me apaixonei
Não quis mais sair
Virei uma estrela morta e brilhante dentro do seu olhar
Só então entendi de onde vinha tanto brilho
Como eu, outros amantes capturados
reforçavam a potência verde-esmeralda
que saía de ti.


Larissa Chiben

terça-feira, 15 de novembro de 2011

SHOW DA BRITNEY


Eu estou sempre à procura de um drama. De algo que me faça viver de verdade. Tola. Romântica. Ingênua. Sinônimos.
A gente tá sempre vivendo de verdade sim, mesmo quando estamos em estado vegetativo em frente a tv. O que você procura não é vida, é emoção, é excitação, é devir, encontro.
Hoje eu fui em um show de pop.
Me perdi no caminho, entre o metrô e o show.
Foi o melhor momento da noite.
Eu estava tão viva.
Com tanto medo.
Pavor.
Me senti dentro de um filme. Protagonista de uma historia super excitante que estava prestes a acontecer a qualquer momento.
Ao mesmo tempo que o meu sentimento de auto-preservação me aterrorizava com aquela situação, alguma parte muito estranha dentro de mim curtia aquela adrenalina.
Acredito que deva ser um sentimento parecido com o de um gringo que vem para o Brasil se meter na Amazônia ou nas favelas cariocas. Ele sabe que o risco é iminente, mas a sua vontade romântica de “viver” é mais forte, e o impulsiona a fazer coisas extremamente estupidas.
Quem é mais feliz?
Palavras, mais ou menos ditas, por Janis Joplin: Sei que vou viver menos que a maioria das pessoas, mas vou curtir muito mais, tenho certeza.
Morreu de overdose aos 27 anos.
Não posso usar aspas na citação porque a encontrei por acaso um dia no qual estava vagando e vivendo pela internet. Senti um fio de identificação.
Fio de identificação.
Gostei. Não tenho a sede de viver dela. Não voltaria em sã consciência para as ruas em que passei hoje. Mas sei que terei imenso prazer em contar momento por momento, angustia por angustia, de variadas formas, tudo que vivi ali, naqueles 10 minutinhos de vida intensa.
Quando temos medo da morte, e percebemos a sua iminência, vivemos para cara*&#$@lhow!
Vide os malucos que pulam de paraquedas!
O show? Foi legalzinho.... cheguei atrasada! Ouvi 5 musicas. Tudo bem, vai... 4.
Mas valeu os 45 reais... na verdade 30,00.
Musa pop/teen/com celulite aparente apesar da meia arrastão (adorei – fio de identificação!!)/ cansada/ com delay de movimentos/ gordinha/ex-viciada (quem sabe?)/ mãe de três (eu disse TRÊS!) filhos.
No final a lindinha loira apelou, apostou todas as fichas! Luzes coloridas ao fundo, subiu lá no alto com asas de anjo, e mil fogos e mil serpentinas!!
Aplaudi. Fiquei de queixo caído. Mas eu era só mais uma na multidão, definitivamente não era a protagonista da cena. Muito pelo contrário. Fazia parte da figuração mais chinfrim... A menina do meu lado, cujo rosto nem tive a curiosidade de olhar, era da figuração também claro, mas seu cachê era maior definitivamente.
Cantou todas as 4 músicas!! E berrou loucamente o tempo todo em que não havia musica.
Peguei um táxi, vim para casa. Exatamente 65 minutos depois de ter saído.
Nem deu tempo dos meus gatos sentirem fome.
Miau.